13 de mai. de 2011

Pedra do Sino, Baleia, São Pedro, Papudo e Pedra da Cruz

Segue o relato daquilo que poderia ser apenas mais uma história sobre a ida à Pedra do Sino. Porém diferente das outras vezes, nos programado para irmos à mais dos picos vizinhos: O São Pedro e o Papudo.
1º Dia

Após acordar às 03:40 hs da manhã (vai morar em Nilópolis e não ter carro para ver o que é bom), tomei o meu café da manhã, banho e me preparei para partir. Vesti minha cargueira, que comecei a arrumar a cerca de 3 dias. Fui para o ponto de ônibus e consegui chegar na rodoviária às 05:30hs como havia combinado com outros 2 membros desta aventura: Willian e Hudson.
A minha maior preocupação era com o Willian, pois morava em São Gonçalo e sei que em época de feriadão as estradas de lá ficam congestionada. Porém para a minha surpresa ele já estava lá, e quem teve realmente problema para chegar devido a condução foi o Hudson. Com isso nossa partida que estava programada para às 06:00hs teve que ser às 06:30hs.


Partimos e não pegamos nenhuma grande retenção. Chegamos antes das 09:00hs, encontramos o Beto e o Alberto, que haviam chegado à pouco tempo e fomos para a bilheteria. Tivemos vários problemas na bilheteria, que não vou comentar aqui, pois seria uma história a parte. Alberto deu a idéia já que estava de carro de levar um de nós junto com as cargueiras até a Barragem e deixar um tomando conta, e depois pegar o restante da galera.
Feito isso fizemos um pequeno lanche na barragem (Já era quase 09:30 e eu havia comido pela última vez às 04:00) e finalmente entramos na trilha.

A subida foi tranquila sem maiores imprevistos. Com isso tivemos mais tempo de conhecer melhor William e Hudson. Eu era o único que os conhecia, e assim mesmo pela internet. Não tínhamos muita pressa em subir e assim mesmo fizemos em um bom tempo. Entramos às 09:30 na trilha e chegamos às 14:30. Cinco horas de subida com cargueiras para 3 dias até que não foi nada mal. Fizemos apenas 3 pequenas paradas: No Véu da Noiva, na segunda cachoeira e no Mirante da Cota 2000 para que os novatos pudessem avistar a Pedra da Cruz, Mirante do Inferno entre outros. No antigo Abrigo 3 fizemos uma parada maior para "almoçar" de cerca de 30 minutos. Fomos para trás do Abrigo 4 para acampar por ser um lugar com menos movimento.

Resolvemos não subir a Pedra do Sino para ver o Pôr-do-sol neste dia, pois estava meio nublado. Em compensação fomos a Baleia para apreciar o visual de lá e reconhecer o início da trilha para o São Pedro. A noite comemos o macarrão do Alberto e o Sopão do Beto. Acrescentamos outros condimentos a este primeiro "banquete" como farofa pronta entre outros. Jogamos um pouco de conversa fora com nossos vizinhos de barraca: Sérgio e Carlos. Inclusive o Carlos conhecia a trilha do São Pedro e iria conosco apesar de ter feito apenas uma vez. O único incidente deste dia é que o tênis do Beto começou a despregar a sola ficando presa pelo calcanhar apenas. De início colocou silvertape. Mas no dia seguinte variamos que isso não seria o suficiente.

2º Dia

Antes do amanhecer fomos fazer o que a tradição manda. Ver o nascer do Sol na Pedra do Sino. A felicidade dos novatos era grande. Para nós Camelos apesar de já ter visto diversas vezes este evento é sempre muito gratificante. Descemos e depois de tomar o café da manhã nos despedimos do Alberto, que tinha a sua carta de Alforria à vencer. Após a despedida os remanescentes mais o nosso vizinho Carlos partiram para a trilha do São Pedro.

A trilha do São Pedro demonstrou ser bem fechada e no colo entre a Baleia e São Pedro enlameado. Lembrando muito o trecho entre o Vale das Antas e o Dorso da Baleia da travessia. Seguimos o Carlos e quando havia alguma dúvida liamos o mapa desenhado a mão do Beto. Fiel ao Guia de Trilhas da Serra dos Orgãos. Muito bom por sinal. Seguindo a orientação dos dois chegamos sem grande dificuldade ao cume. É magia pura. Ver o cume da Agulha do Diabo é maneirissímo. Parece não ter muita diferença a vista do São Pedro com relação à Pedra do Sino, quando vemos deste último, mas tem. Além de uma outra visão das escarpas, os montes que passamos pela travessia ficam mais definidas e aí é possível ter uma idéia melhor do caminho que percorremos.



Preenchemos o livro do cume e não demoramos mais que 20 minutos lá em cima. Nuvens começavam a chegar no Papudo e queríamos visita-lo antes que pudesse ficar todo encoberto. Tratamos de descer e tivemos uma dificuldade de orientação, pois já na descida dentro da vegetação haviam uma bifurcação que não percebemos na subida e pegamos o caminho errado. Voltamos e vimos o caminho certo. Fechamos o caminho errado com mato e galhos caídos para que outros não tomassem o caminho errado também. Continuamos o percurso sem nenhum outro incidente até a volta para o acampamento. A sola do tênis do Beto já estava no bagaço e já era sustentada por outro cadarço que ele carregava.

Recarregamos nossas mochilas e partimos para o Papudo. Agora com a companhia além do César, a do Sérgio também, que estavam partindo e iam nos acompanhar até o começo da trilha do Papudo. Chegamos ao início da trilha. E se achavamos à do São Pedro fechada quando vimos a do Papudo gerou até receio de entrarmos de tão fechada que era. Após eu olhar o mapa eu andei pela trilha da Pedra do Sino mais adiante para confirmar se de fato esta era a entrada. Nos despedimos dos nossos vizinhos, tomamos coragem e partimos para dentro dela literalmente falando. Eu ia na frente e o Beto ia por último. Era como se eu fosse o piloto e o Beto, com o mapa na mão, fosse o navegador. A trilha era muito fechada mesmo. Nascia mato no meio dela. Depois de passarmos por fendas, trepa-pedras, por baixo de rochas e ao lado de abrigos e pelo fato do Hudson ter percebido a trilha final do cume, quando já tínhamos tomado a decisão de voltar, chegamos ao cume. Realmente é considerada a melhor vista de Teresópolis. Conseguimos ver nitidamente o vale atrás do Papudo e dos morros do outro lado, apesar das nuvens de vez enquanto quererem atrapalhar. Deu para ver até algumas plantações mais adiante. Preenchemos o livro do Cume, que estava dentro de uma "marmita" pregada na rocha. Ela estava com algum resto de alimento, alguns insetos e uma aranha de cor vermelho-vinho que saiu correndo para o outro lado. O livro estava preservado em um saco plástico. Demos um tempo lá em cima de cerca de 15 minutos e voltamos a descer. Até que a volta foi mais rápida. Achamos quase no final uma "mina" que pensávamos ser de algum animal, só que logo adiante vimos papel higiênico e aí tivemos certeza que o animal em questão era o homem.





Saímos da trilha e decidimos ir ao morro (ou pico) da Cruz. Nós menos o Beto cujo tênis praticamente sem sola o convenceu a voltar para o acampamento. Nos separamos e fomos ao Cume da Pedra da Cruz. Entramos pela Cota 2000 na mesma trilha para o Mirante do Inferno e chegamos a fazer o caminho das Orquídeas até o mirante, mas aí as nuvens chegaram e tamparam o visual. Voltamos e seguimos para o cume do Morro da Cruz na esperança de que a nuvem que atrapalhava todo o visual do vale fosse embora. Subimos bem, pois não é de grande dificuldade a sua ascenção. Somente prestar bastante atenção. Ficamos também cerca de 15 a 20 minutos lá em cima. Esperando e nada da nuvem ir embora. Vista somente em direção a Teresópolis. E aliás foi somente ali que pude ver realmente a região que foi afetada pela fortes chuvas de janeiro. Parece que dois morros pelo menos tiveram sua vegetação “descascada” pela enxurrada em alguns pontos. Quando começamos a descer é que o a nuvem resolveu ir embora e ai sim pudemos ver todo o vale e mais o Dedo de Deus e a Agulha do Diabo. E aí da-lhe fotos.




Voltamos e demos uma parda no pequeno poço, cuja as águas prosseguiam por um pequeno sumidouro. Ali me refresquei tomando um pequeno banho de rio, que estava muito gelada, mas que deu uma excelente revigorada. Prosseguimos e quando já era possível avistar o Abrigo de volta, quem encontramos sentado apreciando a natureza? O Beto.

De acordo com a sua informação ele resolveu parar e esperar pela nossa volta. Nesse meio tempo foi abordado por um grupo de garotos, que ia em direção ao Abrigo, e lhe perguntaram se era o Albert. Surpreso sem reconhecer nenhum deles respondeu que sim. Logo mostraram o motivo da pergunta. Acharam o seu documento na trilha. O qual nem havia percebido que havia perdido.

Chegamos no Abrigo 4 por volta das 03 da tarde e resolvemos comer e descansar um pouco, já que tínhamos uma última investida para fazer: Ver o Pôr-do-Sol na Pedra do Sino. Por volta das 04:30hs subimos pela última vez e esperamos pelo belo espetáculo, que era ameaçado pelas nuvens ao redor. Porém a media que o ápice do fenômeno chegava, mas as nuvens se dispersavam. E as que ficaram só serviram para compor a bela paisagem que se formou.



Retornamos ao abrigo no cair da noite. Não tínhamos mais nada a fazer naquele dia que já fora tão especial. Porém por uma falha grosseira da administração do parque o acampamento ficou superlotado. O sistema on-line do parque não computou as reservas do abrigo anteriores ao início da operação. Resultado: Os que tinham barracas foram acampar. E com isso tinha gente procurando armar a barraca de qualquer jeito. Chegamos até a sair do local onde estávamos para evitarem de pedir para mover as nossas. Voltamos quando tudo estava ok. Comemos nossos miojos, sardinhas e salmões enlatados. Um segundo banquete. E conhecemos uns simpáticos Koreanos. Coisa rara, pois a maioria é extremamente fechada. Mas nada como o clima da aventura para socializar o povo. Tinham como curiosidade uma mesa de madeira onde serviam suas refeições e trouxeram também panelas de pressão. Tinha no grupo pessoas de uma certa idade que inclusive tinham feito Serra Fina. Que disposição...

3º Dia

Devido a este "overbook" planejamos acordar bem cedo para partir. Antes das 06 da manhã levantamos e fomos embora por volta das 07:00. Direto só parando na cachoeira antes do Véu da Noiva e no próprio Véu para que o Beto "amarrasse" o seu tênis. Ao sair na barragem já tinhamos percorrido 04 horas de trilha. Demos um descanço e nossos nomes à moça da Hope, que foi a mesma que nos abordou na barragem quando estivemos lá na subida. Não tinham o nosso termo de responsabilidade em mãos, que sinceramente não fiquei nem um pouco surpreso com isso. Ficamos de dar os nomes na portaria quando passássemos por lá. Seguimos pela trilha suspensa até chegarmos no rio paquequer onde tomei um bom banho de rio e o Beto se refrescou. Willian e Hudson preferiram ficar aguardando. Dali seguimos para a área de camping. Hudson e Willian queriam tomar um banho nos chuveiros dali, e eu que já tinha tomado banho de rio me trocar. Enquanto isso Beto encontrou um conhecido lá da Pedra do sino que também estava acampado no camping e ofereceu algumas carnes do seu churrasco. Comemos também alguns pedaços e partimos rumo à portaria. Lá dei o meu nome para que procurassem o nosso Termo de Responsabilidade. Fomos logo dispensados sem fazerem nenhuma menção de procura-lo.



Percorremos alguns quarteirões até chegarmos na drogaria "A Original" onde vende passagem, mas como o bilheteiro só ia voltar às 01:40 e era ainda cerca de 01:15 fomos a padaria ao lado para comermos e confraternizarmos. Eu sempre que venho ao parque costumo parar nela e pelo jeito o pessoal gostou. Bons salgados, saduiches diferentes e uma big coke fizeram a nossa alegria. Voltamos ao guichê e compramos nossas passagens. Dali eu me separaria do restante, pois comprei para Nova Iguaçu, enquanto o restante ia para a rodoviária Novo Rio.

Foi muito gratificante esta aventura. Não só pelo São Pedro e Papudo, assim como também pelo meu regresso a Pedra da Cruz. Mas muito mais pela felicidade nos rostos de Hudson e Willian e do objetivo conquistado pelo Beto. E isso não tem preço...