1 de dez. de 2011

Travessia da Serra da Carioca II - A Missão (20 de novembro de 2011).

"Ô careca, mudança de planos. Prepare suas coisas aí que nós vamos dormir na casa do Alberto. Daqui a uma hora ele estará aqui na Ilha para nos buscar.”

Com essas palavras cabalísticas, em pleno final de tarde do sábado, Sandro Yoga modificou totalmente os planos já acertados há dias para a nossa trilha do dia seguinte: a travessia da Serra da Carioca.

Nossa logística inicial seria: Alberto sairia de Guapimirim, pegaria o Jamil (“A lenda! O mito!”) e o Dinho em Magé e viriam para a minha casa, na Ilha do Governador. Sandro também viria para cá e, após um café da manhã reforçado, sairíamos direto para o Parque Lage, onde encontraríamos o George “Arcanjo” e começaríamos a trilha por volta das 08h00. Esqueçam tudo isso, hehehe.

Estamos falando dos camelos, então tudo pode acontecer. No nosso universo, essas modificações sempre são bem-vindas. Já sabemos há tempos, e por experiência própria, que o improviso e a anarquia (no bom sentido) tornam as coisas muito mais interessantes.

Resumindo: arrumei tudo às pressas, fomos dormir em Guapimirim e esse fato inesperado rendeu muitas zoações aos amigos e altos papos filosóficos no pé da serra. Ótimo prenúncio para o dia seguinte!
No domingo, acordamos por volta das 05h00, arrumamos as coisas no carro e fomos direto para Magé. Lá, resgatamos o Jamil (“A lenda! O mito!”) e o Dinho e viemos no maior astral até o Parque Lage. Da linha vermelha, já dava para ver toda a cadeia das montanhas da Serra da Carioca, por onde passaríamos horas depois.

Encontramos o George, tomamos café em uma padaria perto do Parque Lage, e aproveitamos para mostrar o parque para o Jamil, que nunca tinha ido lá. Além do aquário, grutas artificiais
e do próprio casarão, não faltou a visita de um macaco-prego, muito comum por lá.
Iniciamos a subida por volta das 08h35min. O dia estava lindo, ao contrário da primeira vez em que estive lá com o George neste ano, em junho. O primeiro trecho é bem tranquilo, um desnível bem suave que serve de aquecimento para a segunda parte da subida, essa bem mais íngreme. Estávamos sozinhos na trilha.
Obviamente, como é costumeiro entre nós, aproveitávamos o tempo para colocar o papo em dia e, principalmente, zoar MUITO todos os nossos amigos e amigas que não foram. Principalmente o Fábio “Muito Doido”, por causa de um fato ocorrido na véspera e impublicável aqui, hehe.

Zoar os(as) amigos(as) ausentes é só uma forma indireta de trazê-los para junto de nós na trilha. E como nossos encontros não são tão frequentes como gostaríamos, temos que aproveitar a “presença” deles ao máximo!
Quando chegamos em um trecho da floresta onde sempre encontramos miquinhos (saguis), demos uma última pequena parada, pois sabíamos que o trecho com o cabo de aço (agora substituído por uma corrente) já estava próximo.

Passamos pela corrente, subimos mais um pequeno trecho íngreme e, em alguns minutos, chegamos na linha férrea do trenzinho do Corcovado.
Paramos sobre a laje/mirante da CEDAE e descansamos por alguns minutos, apreciando o visual de lá. Esperamos um trenzinho subir e aproveitamos para galgar os trilhos até o asfalto da
Estrada do Corcovado. Descemos cerca de 3 quilômetros pelo asfalto até a guarita que dá acesso à estrada das Paineiras. O sobe-e-desce das vans que levavam os turistas à estátua do Cristo estava frenético neste dia.
Entramos na estrada das Paineiras no momento em que o tempo começou a nublar. Como o passeio estava agradável e a companhia melhor ainda, paramos algumas vezes, sem preocupações com tempo. Jamil (“A lenda! O mito!”) aproveitou para fazer uma pequena subida no paredão-escola das Paineiras (utilizando a sua consagrada “técnica do macaco”), paramos no mirante do Andaime Pequeno para apreciar a vista, tomamos um pequeno banho na segunda
queda d´água, lanchamos, batemos papo... Enfim, nossa passagem pelos 4 quilômetros do asfalto das Paineiras foi de extrema leveza.
Mas, chega de moleza! Adentramos novamente na floresta para mais uma escala da travessia: a subida do Morro do Queimado!
O tempo nublado não tirou o brilho de uma das paisagens mais completas da cidade do Rio de Janeiro. Logo após a chegada ao cume, descemos um pouco mais e paramos para lanchar em um
afloramento rochoso que fica bem próximo à Pedra da Proa. De um lado, vista para Corcovado, Pão de Açúcar, Lagoa e Niterói; do outro, Pedra da Gávea (encoberta pelas nuvens), Pedra Bonita e Agulhinha da Gávea, além do extenso tapete verde da Floresta da Tijuca.
E que sensação sublime a de compartilhar um rango com os amigos, diante do silêncio (só quebrado por nossa algazarra), da brisa e da beleza que aquele cenário nos proporcionava. Um momento que só quem gosta de trilhar com os amigos sabe o que significa.

Dessa vez, optamos por não trazer os fogareiros e fazer um almoço mais espartano que o normal. Ou melhor, foi só um lanche. Cardápio: pão com mortadela (não poderia faltar, né?); sanduíche de queijo/peito de peru/tahine; pizza (isso mesmo: o Dinho trouxe pizza!) e outras baixarias, hehehe.
Eis que, no meio do nosso lanche, recebemos uma ligação do Fábio “Muito Doido”! Nosso camarada, que não pôde vir conosco, marcou um encontro na Mesa do Imperador. “Chegaremos lá em meia hora”, avisamos. E iniciamos a descida, passando antes pelo mirante da Pedra da Proa (onde tiramos algumas fotos), uma pequena escalaminhada, uma subidinha rápida até o cume do morro vizinho e depois uma longa descida até a Mesa do Imperador.
Chegando na Mesa, eis que encontramos nosso amigo Fábio lá, o que rendeu uns bons minutos de zoações e muito papo furado, hehehe. Um momento especial do dia, sem dúvida!
Como havia dito lá no início, uma mudança inesperada sempre faz parte da nossa rotina. E eis que nosso plano de descer até o Jardim Botânico mudou. Decidimos terminar mais cedo, pois o Sandro ainda se apresentaria no final da tarde no Arpoador, e a chegada do Fábio foi fundamental para agilizarmos uma nova logística. Enquanto o Fábio dava uma carona para o Alberto e o George até o Parque Lage, onde este iria pegar o carro, eu, Jamil (“A lenda! O
mito!”), Dinho e Sandro ficamos esperando na Vista Chinesa, à espera do resgate. Mais um local inédito para o nosso decano Jamil, que curtiu bastante o passeio e a oportunidade de conhecer
alguns cartões postais do Rio.
Ainda descemos até um boteco no Horto antes de nos despedir e celebrar mais uma trilha juntos, coroando um dia memorável. Fábio deu carona para o George e para o Sandro antes de ir para
casa, enquanto Alberto, Dinho e Jamil (“A lenda! O mito!”) vieram me deixar na Ilha, antes de retornarem para casa.
Junte um bando de amigos que se conheceram fazendo trilhas, que não se encontravam há algum tempo, e uma trilha lindíssima. Só poderia dar nisso: um dia perfeito!

Para finalizar, independentemente de convicções religiosas ou afins, reproduzo um pequeno
trecho de uma mensagem enviada pelo Alberto, que representa bem o espírito de amizade que marcou essa trilha em particular:
"(...) Não são os da conssanguinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de ideias, os quais prendem os Espíritos antes, durante e depois de suas encarnações. Segue-se que dois (ou mais) seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito do que se fossem pelo sangue (...)"
É isso aí camelada! Beijos e abraços em todos e até a próxima!