Quem puder, por favor, coloque texto e organize as imagens.
Grande abraço,
Fábio


PEDAL PELA ORLA EM 11/01/2009 - RELATO DO ALBERTO.
Como é de costume, para os que já me conhecem, resolvi escrever o relato de nossa memorável excursão do dia 11/01/2009.
Só para exercitar a minha veia de escritor frustrado e encher o saco dos amigos, que tiverem paciência de ler, pois, para variar, o relato nunca é tão breve assim. Hehehe
Vamos lá:
Esta excursão tinha um valor psicológico muito emblemático para mim, tendo em vista os inúmeros percalços que ocorreram nos últimos dois anos.
A nossa saga começou no início de 2007, quando estávamos indo, eu e o Sandrão, a uma reunião na Praça XV, para fazermos uma Trip com o pessoal do Ciclotur, até Cabo Frio.
O Sandrão caiu do camelo logo após a Av. Rio Branco e sofreu uma fratura exposta no braço direito.
Resultado: Cirurgia, platina e seis meses de molho na geladeira.
O lado positivo disso, foi o fato de termos conhecido o Fábio. Um irmão que veio se juntar ao grupo, e que tenho a impressão de conhecê-lo a minha vida toda (o acaso não existe).
Em Julho de 2007, quando íamos, eu, Sandrão (o seu retorno aos pedais) e Fábio fazer Petrópolis/Itaipava.
Quase morremos, eu e o Sandrão, quando aquele animal embriagado deu uma porrada na traseira do meu carro, em frente a REDUC às 5:30hs e acabou com o meu carro e com o nosso passeio.
Graças a Deus, que no final tudo deu certo e o Fábio acabou achando o cara
Resultado: Me indenizou e comprei o Santana. (me dei bem, hehehe).
Fevereiro de 2008 iríamos finalmente reestreiar os pedais com os camelos, fazendo a mesma excursão entre Petrópolis e Itaipava.
Furtaram meu camelo na madrugada da excursão. A coisa realmente tava amarrada...
Foram necessários quase 11 meses para que eu pudesse montar outro camelo e finalmente fazermos a nossa reestréia.
Finalmente, deu tudo certo e os Camelos de Mochila estão de volta às pistas.
Enfim, vamos ao relato (já tava na hora né?).
Noite mal dormida e ansiedade, por tudo que representava esta excursão.
Acordei as 4:00hs e as 4:30hs fiz contato com o Fábio.
Tudo certo para o início.
Sair da Penha sozinho as 4:50hs é uma aventura a parte. Cruzei com tiroteio, bandidos de moto e a galera da balada voltando pra casa cheia de química na cabeça e atrás do volante.
Isso tudo sozinho. Foram 4,5km até a casa do Fábio e o alívio de ver amigos.
O primeiro conselho que dou, é para evitar ao máximo pedalar de madrugada sozinho. Mesmo que seja por um curto período, pois os riscos são enormes.
Grande alegria foi encontrar o Yoga, pois ainda havia a dúvida da sua presença.
Grande amigo, que apesar da inconstância de sua participação nas nossa excursões, é um irmão que demonstra muito amor pelo grupo.
A sua presença , de alguma forma, amenizou a ausência do Sandrão, que não pôde ir, porque já havia firmado compromisso com a sua mãe.
No mais, foi uma hora até entrarmos na Av. Airton Sena na Barra.
A primeira hora é sempre a mais crítica, pois o corpo ainda está frio e ainda é noite.
Fábio teve uma cãibra em Jacarepaguá, mas conseguiu se recuperar e seguimos.
Ao chegarmos a Barra tudo foi festa:
Ciclovia (outro mundo), brisa marinha as 6:30hs da manhã e sem farofeiros ainda. Hehehe
Paramos próximo ao Largo da Barra e tomamos aquele café. Tiramos fotos e seguimos.
Aquele elevado, que eu esqueci o nome, foi um capítulo à parte. Os carros tirando fino da gente. “Acostamento” de placas de concreto e cheio de buracos.
Até que o muito doido ficou de saco cheio e jogou o seu camelão sinistro no asfalto.
Aí, como bons amigos solidários, o acompanhamos e foi perna (ou melhor, pedal) pra quem te quero e “viva Cacilda Beker” kkkkkkkkkkk.
São Conrado tiramos belas fotos, seguimos pela Ninhemayer (não sei se escreve assim), com aquele visual alucinante da Pedra da Gávea ao fundo. Descida a toda passando pela Rocinha (ou Vidigal) e parada no Mirante do Leblon. Que passeio....
Encontramos o Oteb em Copa e paramos para fazer um lanche, tirar umas fotos e botar as fofocas em dia.
Depois, queimamos até o Aterro, quando demos uma acelerada para recuperar o tempo.
Aí sim, começou a bater o cansaço, afinal, a parte bonita estava ficando pra traz e enveredamos pelo Centro (Pres. Vargas), Praça da Bandeira e a famigerada “Faixa de Gaza”.
Alí o bicho pega e a gente tem que tirar o gás do fundo da alma e pedalar tudo o que pode, para passar o mais despercebido possível pela marginalidade (Cidade Maravilhosa).
Pra quem não conhece, a Faixa de Gaza é aquela reta que liga Benfica a Bonsucesso. Ela corta o complexo de favelas de Manguinhos e é difícil três caras vestidos com roupinhas colantes e pedalando três super camelos, passar despercebidos por ali.
O negócio é o elemento surpresa, e quando os caras vêem a gente, já era, pois estamos sumindo da vista deles. Essa é a estratégia.
Depois, foi só pedalar a reta da Rua Uranos e chegar em casa cheio de endorfina, boas lembranças e uma vontade imensa de recomeçar.
Pra fecharmos com chave de ouro, fomos almoçar na Feira dos Paraíbas (São Cristóvão) um delicioso prato regional com Carne de Sol assada, aipim frito, baião de dois, feijão de corda, coca cola (pet - hehehe) e um delicioso sorvete no final.
Foi SHOW gente.
Fiquei muito feliz, por termos finalmente recolocado os Camelos na pista e isso me deu a certeza de que 2009 será um ano de muitas excursões memoráveis, sempre na companhia de grandes companheiros.
Abraços
Alberto Monte
PEDAL PELA ORLA EM 11/01/2009 - RELATO DO SANDRO SUN
Os cavaleiros do Apocalipse
Primeiro veio o convite: um circuito de
Mestre (Alberto) vai se deitar às 22 p.m com aquela sensação estranha de que “todos vão furar”. Pois é, os grandes projetos são acompanhados por uma expectativa alta e uma dose de tensão que nos permeia até o último instante.
Muito doido (Fábio) combina de pegar Sun (yoga) às 23 para prepararem as bikes e todos saírem do mesmo lugar. Uma hora da manhã estávamos numa farra só, conversando da vida, ajeitando os “camelos”, separando os equipamentos e pensando: daqui a poucas horas estamos de pé cruzando as ruas do Rio de Janeiro. Até às 2 da manhã nos coçávamos na cama com aquele pensamento fixo: será que a hora não chega nunca!
Foi como um piscar de olhos, Muito doido se levanta e vê o torpedo em seu celular: “acorda %$#&@!” 5hs da manhã já estávamos nos agrupando, olhando a lua cheia no céu e vendo a molecada chegando da night carioca... Alberto chega num misto de emoção e susto: a emoção de ver seus amigos de aventura, misturada ao susto da blitz carioca da madrugada.
Montamos em nossos camelos e em poucos minutos já estávamos subindo uma ladeira gigantesca – e eu pensando: se começamos assim, volto pra casa de cadeira de rodas. Mestre já pedalava em pé (e eu rezando pra chegar a hora da descida). Muito doido esbanjava categoria na sua reclinada, chamando a atenção de todos os boêmios da zona Norte. Nos atiramos na noite percorrendo: Penha, Madureira - rumo à Cidade de Deus.
Ao cruzarmos com os baladeiros ouvíamos de tudo, um termômetro de sentimentos que ia do tradicional “viado” aos gritinhos das popozudas de “gostosoooooo”.
Como um susto, muito doido faz sinal para encostarmos num acostamento completamente escuro e denuncia uma câimbra na perna. Olhamos meio atônitos, e o mestre pensa com seus botões: “ou vai ou... volta”. Estica daqui, reza dali, voltamos a pedalar na esperança do corpo aquecer e acostumar com nosso ritmo.
Inabalavelmente seguimos mantendo nosso ritmo mínimo de
Uma farra de pão na chapa, pingado e sucos anunciava que estávamos chegando à metade do circuito e a chapa ainda iria esquentar muito dali pra frente!
Pedalamos até o túnel da rocinha (qual o nome dele mesmo?) e ao chegar na sua entrada, desmontamos dos “camelos” e fomos empurrando-os por um estreito acostamento no túnel. Parecia que tínhamos entrado em um buraco negro, pois era um breu total: as paredes coladas com a poluição dos carros, e o forte barulho, nos faziam ver o quão estreito era o abismo no qual nos equilibrávamos.
Quando nossa pista abriu uns 3 palmos de acostamento, muito doido montou em sua reclinada e começou a pedalar. Olhando-o atônito eu pensava: se ele desequilibrar e for pra canaleta pára dentro da pista e... tenho o impulso de fazer o mesmo, sento-me na bike e começo a tentar me equilibrar – sempre jogando meu peso para a direita. Meu guidon arrasta na parede e penso: antes arrastar na parede do que ir parar na pista. Aquele equilíbrio era a minha “rodinha” amiga. Ouço ao fundo o grito do mestre dizendo: “Yoga, só monte se estiver com segurança”. A única coisa que eu pensava naquele momento era: eu preciso sair daqui o mais rápido possível, e isso seria pedalando. Olhei fixo uma reta no chão e pedalei sobre o fio da navalha – onde aos poucos fui ganhando confiança. Em alguns minutos estávamos fora do túnel sobre um acostamento cheios de dentes, buracos e costelas. A reclinada do muito doido sofria muito com tantos pulos e ele quase não conseguia progredir. Tomei a frente e ia empinando a roda dianteira para minimizar o impacto nos buracos. Poucos minutos depois ouço um grito passando ao meu lado: “muito dooooooidooooooo!” e o vejo rasgando pela pista dos carros rumo a São Conrado. Não penso duas vezes, jogo a “Preta Gil” (minha bike) no viaduto e vou atrás: ali era um por todos e todos muito doidos!
Ao chegarmos a São Conrado, aos pés da Pedra da Gávea comemoramos muito aquela vitória, gritando loucuras a ermo: “viva Cacilda Becker, Viva Zuzu Angel, Viva os Camelos de Mochilas” e toda a quantidade de besteiras que passavam em nossas cabeças. Pedalamos direto até a pista de pouso das asas deltas e para-pentes e nos demos alguns minutos de contemplação a beira mar. Um dos motoristas dos carros de resgate das asas disse: vi vocês hoje de manhã em Jacarepaguá – parabéns. Mal ele sabia que ainda estávamos na metade da brincadeira. Entre nós sabíamos que um dos pontos difíceis estava chegando: a subida da Niemayer. Iríamos pedalar entre o mar e as montanhas, embaixo de um sol já escaldante e numa pista pequena dividida com os carros e ônibus – aos pés da Rocinha.
Após nossa pausa contemplativa seguimos pedalando com muita pressão e dinamismo, vencendo a ladeira da Niemayer e entrando numa descida frenética, com uma pista extremamente molhada, numa velocidade de 42km/h e cheia de buracos. Chutei os buracos ocultos pela água no chão e quando nos demos conta estávamos no mirante do Leblon – de volta ao playground seguro da zona Sul. Descemos nos misturando às famílias que caminham, correm, pedalam, curtem e fazem das praias cariocas o cenário paradisíaco que vemos nas novelas. Novamente a sensação de total segurança me veio à tona, com as palavras do Mestre completando: “agora, se algo der errado, podemos voltar de Metrô”. E eu pensei de imediato: “Tô salvo, eu quero o Metrô”!
O mochileiro sem camelo Oteb se juntou ao grupo em Ipanema, nos presenteando com sua fantástica companhia. Sua visita foi regada com um banquete de sanduíches caseiros e refrigerantes nos quiosques de Copacabana. A visita do nosso grande camarada nos encheu de energia para continuarmos nossa epopéia.
Na ciclovia de Copa somos alertados de uns trombadinhas que estavam azarando as pessoas que passavam no túnel do Rio Sul – e na rua Princesa Isabel falamos com uma viatura pra ficarem de olho por aquela área.
Seguimos batidos até a enseada de Botafogo entrando em sua ciclovia e acompanhando a pintura da Baia de Guanabara e o escultural morro da Urca.
Fazemos mais uma paradinha para as fotos – pois mesmo pros nativos desta cidade, a beleza é algo difícil de se acostumar.
Pegamos o aterro do flamengo, pela pista fechada e deslizamos até o Aeroporto Santos Dumont – onde paramos para traçar a rota final da volta.
Roteiro combinado, entramos na avenida Antônio Carlos, Primeiro de Março e em poucos minutos contornávamos a Cinelândia. O fluxo dominical é menor mas cheio dos perigos urbanos: ônibus nos espremendo a toda velocidade, as ruas cheias de “costelas” e uma pivetada nos comendo com os olhos para todos os lugares.
Passamos pela central do Brasil, Praça Onze, seguindo pelo elevado que nos deixa na praça da bandeira. É estranha a sensação de estar num elevado e sua cintura estar na altura do corrimão mas é nessas horas que devemos olhar para frente e não darmos muita confiança para nossa mente.
Mais uma subida ensolarada, em meio aos nossos 65k de pedal. Sinto minha coxa cansada e meu ritmo de pedalada diminuindo. Sem brigar com meu corpo jogo marchas mais confortáveis e tento cuidar da minha energia pois sabia que ainda tinha muito chão até voltar para a base. Pegamos o vácuo do elevado até o maracanã e seguimos em direção à Mangueira. Um ciclista de final de semana pipoca de uma rua na contra-mão, quase explodindo-se contra a bike do muito doido. O trio todo balança – quase que em um movimento coreografado. Pedalávamos como um único corpo, revezando a dianteira, mas nunca nos separando e perdendo o contato.
Cruzamos São Cristóvão entrando
O pior vai ficando para trás, atravessamos uma passarela sobre uma ferrovia e rumamos em direção a Bonsucesso. Nossos olhos fixam no odômetro: falta pouco! O mais engraçado era que, quanto mais perto estávamos, mais o cansaço apertava. O Mestre dizia para não deixamos nossa mente nos comandar, para vencermos nosso desafio interior. Chegamos na Penha às 11hs e, ao descer da bike, quase vou parar no chão. Minhas pernas pareciam completamente desequilibradas e sem energia. Vibramos com cada quilômetro percorrido, por cada visual contemplado e por tudo ter dado certo.
A primeira coisa a fazer ao sair das bikes foi sentar em frente ao computador para ver as fotos e os vídeos. Um misto de êxtase toma conta de mim e um pensamento me vem a tona: “quero fazer tudo de novo”. Aquelas imagens são como uma chuva de energia. Uma experiência única de superação e força.
Um dia perfeito compartilhado com meus amigos.
Tenho certeza que só consegui viver e passar por tudo isso porque estávamos juntos, um cuidando do outro. Nas travessias de rua, cruzamentos, túneis, em meio aos carros e nas palavras de incentivo ao longo da jornada.
Sei que este dia de pedal, suas lembranças e suas imagens irão parar bem longe... bem longe na minha memória. Quando me sentar, cansado e velho numa cadeira e fechar meus olhos irei lembrar do dia em que fui da terra ao Céu, cruzando toda a beleza contraditória do Rio de Janeiro. No dia em que vi a popozuda chegando do baile e a garota de Ipanema correndo no calçadão. Neste dia percebi que as diferenças (barreiras) são aqueles muros que colocamos em nossas mentes e nunca conseguimos ultrapassar. A diferença é a forma indiferente que vemos a vida passar, sem conseguirmos curtir sua variedade de sabores: do mais doce e nectário ao mais ácido, do apimentado ao refrescante.
Encerro meu dia, com uma frase, antes tão distante do meu entendimento, que agora faz tanto sentido:
“ Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranqüilas. Refrigera a minha alma; guia-me (...). Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo.”
Salmo 23
JANEIRO, dia 18: PEDRA DA GÁVEA - OK!
MARÇO, dia 08: CACHOEIRA DO PINGO (Magé) - OK!
ABRIL, dia 19: Travessia VALE DO RIO CABEÇA / PAINEIRAS / MORRO DO QUEIMADO / MESA DO IMPERADOR / VISTA CHINESA / PARQUE DA CIDADE ou HORTO
MAIO, dia 10: Rafting no rio Paraibuna,
Data a definir: ILHA GRANDE (volta completa)
JUNHO, dia 14 - BICO DO PAPAGAIO / SERRILHA (Pedras do Urubu e João Antônio) / PICO DA TIJUCA
JULHO, dias
dias 25 e 26: PEDRÃO DE FRAGOSO (Magé), com pernoite
AGOSTO, dias 08 e 09: PARTE ALTA DE ITATIAIA
SETEMBRO, dia 26: PRAIAS SELVAGENS DE GUARATIBA
OUTUBRO, dias
dia 25: Trilha em Magé (local ainda a definir)
NOVEMBRO, dia 29 - PEDRA DO QUILOMBO (Parque Estadual da Pedra Branca, no Rio)
DEZEMBRO, dia 06 - Trilha em Magé (local ainda a definir)