15 de abr. de 2009

Acampamento na Pedra do Avião - 10/04/2009

Relato do nosso camarada Albert, para os íntimos..Beto.

"Em 26 de julho de 1979 às 18h21min, um Boeing 707-330C cargueiro da Lufthansa, matrícula D-ABUY, com destino a Dakar, cumprindo o vôo LH527, chocou-se contra a Serra dos Órgãos, região serrana do estado do Rio de Janeiro. A aeronave decolou do Galeão 5 minutos antes, e foi instruída pelo controlador em solo a seguir rumo ao VOR Caxias e manter uma altitude de dois mil pés após a decolagem. Ao decolar, o Controle de aproximação solicitou que a tripulação aumentasse a velocidade. A velocidade aumentou progressivamente até atingir 304 nós (563 km/h), excedendo o limite de 250 nós (463 km/h) que é determinado dentro da área de controle do Rio abaixo de 10,000 pés. Enquanto o vôo 527 voava em direção às montanhas, o controlador de tráfego aéreo estava atarefado organizando a excessiva quantidade de tráfego que se aproximava pelo setor sul. Seu assistente falhou ao monitorar o Lufthansa. Ao voltar sua atenção ao Lufthansa 527, o controlador viu-se surpreso com a posição da aeronave e ordenou que imediatamente executasse uma curva pela direita e que aumentasse seu ângulo de subida. Tarde demais, a aeronave chocou-se contra as árvores na encosta da montanha, em uma altura de aproximadamente 800 metros. Todos os 3 ocupantes faleceram."
• Fonte: Wikipedia.

Na manhã da sexta-feira, Alberto me pegou na Ilha `as 06h28min de um dia ensolarado e sem nenhuma nuvem no céu e fomos direto para nossa aventura da vez: acampar na Pedra do Avião, em Magé, que ganhou esta alcunha por causa do acidente descrito acima. Confesso que as histórias e lendas que sempre cercaram esse acidente me deixaram bastante curioso, e a possibilidade de avistar algumas poucas peças que ainda estão escondidas na mata fechada – parte de uma das turbinas e o trem de pouso INTEIRO – seria um atrativo a mais. A maior parte das peças do avião já haviam sido recolhidas na época do acidente, mas essas peças escaparam do "pente fino" feito pela Aeronáutica no local.

Chegamos na casa do Léo já com os tradicionais pãezinho da padaria de Fragoso, na mesma hora em que o Dinho também chegava por lá. Tomamos café enquanto o restante da galera ia chegando aos poucos: Jamil ("a lenda! O mito!"), Dauguinha, Arones, Henrique e Andrew, o nosso mascote.
Saímos fazendo uma pequena algazarra e em poucos minutos já estávamos atravessando uma porteira fechada e entrando na propriedade de um membro da família Cozzolino, que detém o poder político em Magé há décadas. Passamos por alguns cavalos pelo caminho e, lá na frente, o Léo nos alertou: "cuidado com os carrapatos! Essa fazenda está cheia deles!" Putzgrilo...quase todos estavam de bermuda e um pequeno pânico tomou conta de mim, hehe.

Em seguida, chegamos na "piscina", um enorme tanque construído na propriedade, que estava vazio mas que, sem dúvida, passava dos 4 metros de profundidade se estivesse cheio.

Descansamos um pouco, puxamos o ar e a partir desse tanque entramos na mata fechada e começamos a trilha propriamente dita.A trilha estava enlameada e bem fechada, e logo no início já fomos atacados por formigas num tronco que estava caído no meio da trilha. Depois de nos livrarmos delas, a trilha começou a ficar mais aberta, e a quantidade de riachinhos começou a aumentar. Arones, com sua visão experimentada de mateiro, avistou uma preguiça de médio porte no alto das árvores e, em seguida, foi a vez de passarmos pertinho de um ouriço que descansava em um galho. A aparição desses animais relativamente raros realçava a constatação de que estávamos em um território pouco frequentado. Pelo menos, pouco frequentado por caminhantes normais, já que o local é muitíssimo visitado e conhecido pelos caçadores, como algumas armadilhas e giraus que vimos pelo caminho comprovaram.

Mais uma parada, dessa vez em uma cachoeirinha bem agradável. A mata da região é primária, então é comum avistar árvores com caules enormes, passando dos 30 metros de altura. Logo depois, passamos correndo por um trecho de aproximadamente 30 metros que estava crivado de formigas, formando um tapete delas – a sensação era que o chão estava se movendo!

Após 3 horas de subida, por volta das 11h30min, finalmente chegamos numa gruta imponente, que era nosso destino final – a Pedra do Avião. É um ótimo abrigo natural, equipado com comodidades adicionadas por trilheiros ocasionais e caçadores frequentes: fogão feito de pedras, grelha, uma pedra que serve de cama (onde dormiram cinco camelos), etc. Fica ao lado de uma pequena cachoeira, o que nos garantiu um manancial inesgotável de água.

Logo após a chegada, tomamos a "posse" da gruta e fomos logo transformando aquilo lá em nossa casa: varal para as camisas enlameadas e quase derretidas pela quantidade enorme de suor, mochilas arreganhadas em tudo quanto era canto, comidas e equipamentos de cozinha sendo organizados, etc. Com o vento gostoso e o barulho "eterno" da água em movimento da cachoeira, entramos num estado de torpor bem agradável e, nesse ritmo de alto astral, começamos a fazer um caprichado almoço de acampamento, bem ao estilo dos Camelos. Teve de tudo um pouco: feijão tropeiro, cuzcuz com salsicha, arroz com açafrão, carne-seca, linguiça acebolada e, para "lavar" isso tudo, um Tang de morango. De sobremesa, rocambole de goiaba. Só coisa leve, hehehe.

Depois desse ataque, fomos descansar e ficar jogando conversa fora naquele local altamente agradável. E assim o tempo foi passando bem devagar. A nossa noção de tempo ficou levemente alterada. Também, não era para menos: estávamos em um local totalmente diferente de nosso cotidiano, em todos os sentidos.

De repente, anoiteceu e fomos fazer umas comidinhas para passar o tempo: misto quente, sopão de carne e legumes, pão d´alho, etc. Lá pelas 21h00, estava um breu danado, só atenuado pelo lampião que deixamos aceso. Henrique e Andrew já dormiam na barraca, onde logo depois eu e Alberto também dormiríamos. Foi a primeira vez que eles dormiram numa barraca, e pode-se dizer que escolheram um excelente local para isso. O restante do pessoal acomodou-se embaixo da gruta. Foi aí que começamos a falar de histórias sobrenaturais naquela escuridão profunda e alguns companheiros ficaram meio "bolados", hehehehe.


Falamos da Bruxa de Blair, de uma história que habitantes da região já tinham visto os fantasmas dos tripulantes do avião caído vagando por lá, de caçadores, de ataque de onças...enfim, um papo meio estranho para o local em que estávamos, hehehehe. Quando fizeram menção de falar na estória de uma tal de "mãe do ouro", uma entidade que dizem aparecer costumeiramente por lá, o Jamil ("A lenda! O mito!") ficou bem incomodado e paramos de falar nessas coisas. E fomos dormir!

Um sol nascente maravilhoso apontou por volta de 06h00 do sábado, e fomos logo preparando um café delicioso adoçado com leite condensado. Fizemos a "limpa" nas últimas comidas, arrumamos as mochilas e saímos fora logo depois. Missão: encontrar os últimos resquícios da queda do avião. O Arones era o único que já tinha visto o trem de pouso no mato, e então foi nos guiando. Em um determinado ponto, pegamos uma bifurcação que saía de nossa trilha normal e adentramos para a direção dos destroços. Ficamos esperando enquanto o Arones entrava no mato, em busca de trilhas que levassem ao trem de pouso. Ficamos esperando por sua volta e, 50 minutos depois, o Arones voltou com a notícia que os caminhos que levavam ao trem de pouso já haviam sido totalmente tomados pelo mato, e que não foi possível encontrá-lo dessa vez.

Com isso, o mistério continua e já acertamos a volta a este local ESPECIFICAMENTE para fazer essa busca. O restante da trilha transcorreu animadamente, e até descobri que no percurso existe uma espécie de banana que tem caroço (!!!). Nada como um acampamento com os amigos para começar a semana totalmente revigorado. Fomos embora com a próxima trilha na cabeça: sábado, uma linda travessia na selva urbana da cidade maravilhosa.

No final, apesar dos papos escabrosos que tivemos na noite do acampamento, nada me pareceu mais SINISTRO do que a possibilidade de ter visto o Alberto tomando banho peladão na cachoeira. Dessa assombração eu escapei, hehehehehehe. Aposto que isso é pior do que a tal estória da "mãe do ouro", que aliás ninguém me disse do que se tratava!

Abraços.
Léo Montanha

12 comentários:

Alberto Monte disse...

Parabéns aos participantes.
Realmente, aquele lugar é muito bonito.

RONALDO disse...

ESTIVE NO LOCAL 2 VEZES QUANDO O AVIÃO CAIU EM 1979, VÍ QUANDO ELE ESBARROU COM A ASA ESQUERDA NA PEDRA QUE TEM UMA GRANDE MARCA,(SÓ DAVA PARA VER A BARRIGA DELE PORQUE O TEMPO ESTAVA NUBLADO, SE O TEMPO ESTIVESSE BOM ELES TERIAM VISTO O MORRO E TERIAM DESVIADO) (ESBARROU UM POUCO ACIMA DA MARCA E A ASA ESQUERDA ENVERGOU PARA BAIXO) GERANDO MUITAS FAISCAS CAINDO ATÉ AO PÉ DA PEDRA DALÍ PRA LÁ FOI ENVOLVIDO PELO FOGO E ASSIM QUE ENTROU NA MATA EXPLODIU GERANDO UM GRANDE CLARÃO NO CÉU +/- 18:30 DA TARDE. (DE ONDE ELE ESBARROU E ATÉ ONDE ENTROU NA MATA LEVOU +/- UNS 4 SEGUNDOS!)ATÉ HOJE TEM A FALHA NA MATA DO LUGAR ONDE ELE ENTROU, JEITO MAIS FÁCIL DE CHEGAR LÁ SERIA MARCAR COODENADAS PELO GOOGLE E DEPOIS SEGUIR PELA MATA COM GPS. QUALQUER PERGUNTA ENTREM EM CONTATO COMIGO> rvsinfor@ig.com.br MORO NO FRAGOSO DESDE 1978. NAQUELA ÉPOCA EU MORAVA NO FINAL DA ANTÔNIO DA ROCHA PARANHOS. UM ABRAÇO PARA TODOS!!!

A Offensiva! disse...

Rapaz.
ótimo blog.
Eu estava justamente fazendo uma pesquisa sobre essa aeronave da Lufthansa que se chocou com o avião.Moro em Piabetá há anos e nunca tive a oportunidade de adentrar no local.
Um dia eu vou! kkk

As danças mais bisarras disse...

poxa gente meus parabens , moro aki perto , mais em piabetá e tambem estou querendo ir lá! se vcs quiserem iremos juntos! abç

Unknown disse...

meu nome é Paulo Cesar já estive la tb sei que tem trem de pouso,uma turbina e o motor do aviao e dizem que tem o rabo do avião que esta numa fenda nas montanhas se quiserem vou com vcs lá,contato gringomodas@hotmail.com sou de Parada Angelica

Patriota disse...

Adoraria tambem conhecer o local, moro em imbariê, quando forem me chamem meu msn é vicciuus@hotmail.com e meu email é vicciuus@yahoo.com.br

Patriota disse...

Adoraria tambem conhecer o local, moro em imbariê, quando forem me chamem meu msn é vicciuus@hotmail.com e meu email é vicciuus@yahoo.com.br

Roquin disse...

Olá amigos, a história desse acidente é simplesmente fantástica. Sou de Magé e meu nome é Fábio. Sou vendedor na área de Piabetá e Fragoso. Conversei com muitos clientes meus que viram o momento exato do acidente. Uma dica. Procurem a Dona Thereza Pierone, de Raiz da Serra, façam um documentário com ela, pois é uma das poucas pessoas de Magé/Piabetá que conhece a história de nossa cidade. Percebi que não temos um bom registro das coisas de nossa cidade. ela tem um comércio na ponte de Raiz da Serra. Andei conversando com ela e vi que sabe de muitas coisas interessantes. A história do acidente do avião traz muitos fatos e lendas, o que torna a conversa muito interessante. Poderia trazer algum tipo de mídia para o local e tornar isso mais conhecido. Um abraço. Excelente a jornada que vocês fizeram. Parabéns.

MIRO disse...

Parabens aos Participantes.
moro em Piabetá desde 1998,e já tinha ouvido falar deste Acidente com o Avião,gostaria de ver pela NET fotos dos Destroços do Avião .
Dizem que tem as Turbinas lá,e que algumas pessoas que foram lá morreram de Picadas de Cobras !!

Alberto Monte disse...

Fala rapaziada.

Fiquem atentos, pois estamos prestes a retornar à Pedra do Avião.
Nos acompanhem pelo yahoo e fiquem ligados.
camelosdemochila@yahoogrupos.com.br
Abraços

cadujj disse...

é verdade , arones e eu constantemente subíamos o morro do avião , já estivemos no trem de pouso e turbina , íamos sempre naquela região , na época a trilha era mais aberta , hoje nem deve existir mais caminho , cheguei a achar próximo ao tren de pouso um pedaço de metal fundido de 10cm x 60cm ( lataria ) mas acho que minha mãe jogou fora . um dia quem sabe possamos chegar ao local .

Mochileiro da América disse...

Muito legal, também estou pretendendo ir lá nos destroços, descobri que existe um caminho saindo pelo bairro Independência aqui em Petrópolis. Parabéns pelo relato e aproveito para convidar à todos para conhecerem o meu blog (Trilhas e Mochila): http://fotoseaventura.blogspot.com.br/