18 de mai. de 2008

Acampamento Pedra do Avião....



É galera, finalmente o acampamento saiu depois de muitos imprevistos.

Sexta a noite mandei uma mensagem para o grupo cancelando o acampamento porque estava chovendo muito e choveu durante toda madrugada.Então decidimos esperar até sabado pela manha para ver como o tempo iria ficar. Acabou que sabado pela manha o tempo estava muito feio e decidimos cancelar mesmo.

Só que a tarde por volta de 13h o tempo deu uma melhorada e ligamos para o Alberto. Na mesma hora ele pegou o carro e subiu a mil.rsrs

Começamos a trilha às 15h. Quando foi às 17h a trilha já estava um breu total. Nos perdermos feio e acabei passando perto de um ouriço e o vagabundo me cravou dois espinhos na minha perna, e a galera ainda ficou me zuando..deixa eles só!

Depois de uns 20 min achamos a trilha e chegamos na Pedra.

Foi bem legal!!! Temos história para contar.rsrsrsr

O Dinho durmiu na barraca com o Alberto e Eu, Jhone e o Jackson dormimos debaixo da Pedra.

Mais foi legal...pena que o restante da turma não foi. Logo logo posto as fotos no slide dos camelos.



Abraços.

Léo Montanha!

2 comentários:

Dinho Neves disse...

Galera. Nosso acampamento foi muito bom. Apesar dos pesares deu tudo mais ou menos certo... chegamos lá à noite... portanto erramos o caminho.. mai conseguimos chegar... foi muito bom.. o restante do grupo tem q ir lá... grande abraço!!! Dinho.

Alberto Monte disse...

PEDRA DO AVIÃO – 17 e 18 de MAIO DE 2008 - RELATO

Caros Amigos,

Gostaria de tomar um pouco do tempo de vocês para fazer um “breve” relato sobre o acampamento na Pedra do Avião em Magé.
O lugar em si, já foi retratado no nosso Blog pelo Léo, porém, gostaria de reafirmar que trata-se de um ambiente mágico.
Um pedaço da mata atlântica totalmente preservado, com uma floresta densa de arvores centenárias, onde um passo na direção errada, ocasiona num erro de rota e, conseqüentemente, em constatar que se está perdido.
A orientação neste lugar é 100% pela intuição, porque a “trilha” simplesmente desaparece de um momento para outro e o caminhante se vê, orientando-se por uma das dezenas de árvores caídas na mata, que para mim, são absolutamente iguais uma das outras.
Aliás, esses nossos irmãos de Magé são muiiiiito bons nessa arte, porque, se me largassem lá sozinho, eu simplesmente iria ficar lá até hoje chorando e pedindo a minha mãe.
Gostaria de abrir um parêntese para essa questão, pois é simplesmente maravilhoso você reparar que uma árvore de mais de cem anos morreu “de velhice” e apenas caiu, para voltar a recompor a floresta e devolver de forma grata, tudo aquilo que a terra lhe deu durante a sua vida, proporcionando que outras vidas se formem em seu corpo (tronco), renovando de forma incessante o ciclo maravilhoso da existência.
Bom, vou parar de filosofar e relatar...
Tinha tudo pra dar errado. Sexta-feira as 20:00hs o Léo me mandou um torpedo avisando simplesmente o seguinte: “Alberto vamos cancelar o acampamento. Ta chovendo muito aqui. Leo”.
Eu estava no supermercado comprando o material e aquilo foi uma ducha de água fria. Liguei pra ele e o mesmo me disse que o tempo estava péssimo por lá. Sendo assim não havia mais jeito.
Liguei para o Dinho e ele ficou uma fera, pois o Léo ainda não havia comunicado pra ele.
Decidimos que iríamos aguardar até o dia seguinte para ver se amanheceria com tempo bom.
Fiquei até as 1:00hs arrumando a minha mochila, sem muita esperança de ir. Fui dormir já torcendo para a Trip “furar”, pois estava cheio de sono.
As 6:30hs de Sábado liguei pro Dinho e ele me informou que o tempo estava ruim e decidimos cancelar. Então, me abracei ao meu travesseiro e foi dormir amarradão.
Quem não gostou muito foi a minha mulher, pois, como vocês (os mais chegados) já sabem; para eu dormir fora de casa, é preciso uma longa negociação com minha mulher. Negociação esta que sempre resulta em uma promessa de compensação no final de semana seguinte, remanejar a minha cunhada (com crianças e tudo) e a minha sogra para irem para a minha casa para fazerem companhia à minha mulher, etc.
Bom, o circo já estava todo armado e eu tive que dar a notícia que o acampamento havia furado. A questão era a seguinte: o que fazer com aquele povo todo já na minha casa as 10:00hs de Sábado?
Já estava vendo que o fim de semana seria uma MMMMMMMMrrrrrrrrrdaaaaaaaaaaaa.
Quando de repente, não mais que de repente as 13:00hs, o Dinho me liga e diz: “Estamos subindo. Eu, Léo (o pivô da confusão. Como sempre...), Jhone e Jackson”.
Caralh....., pensei. O que vou fazer agora. Em um minuto consegui renegociar com a minha mulher a minha ida. Afinal, àquela altura do campeonato, a minha ida seria a melhor saída para toda aquela confusão que estava na minha casa, e a minha mulher teria garantido o seu passeio no feriadão.
Falei pro Dinho me esperar, recompus a mochila, abasteci o carro, fui ao mercado comprar o que faltava e, tudo isso em uma hora, já estava na porta do Léo, pronto, puto, porém, animado, afinal estávamos a caminho.
Saímos da casa do Léo, já passando das 15:00hs e teríamos 3 hs de caminhada até o nosso objetivo. Resultado inadiável seria noite na “trilha” eu simplesmente não existe, na mata fechada e com um guia (Léo) que só havia ido ao local 1 vez (OOOObaaaa, legal. Como diz o Fábio: “quanto pior, melhor”. Hehehe).
Foram 3 horas de subida por uma floresta espetacular, até anoitecer. Depois disso, foi uma sucessão de idas e vindas pelo meio do mato, ouvindo aquela irritante frase do Léo: “Eu acho que é por aqui”.
Já tava vendo a hora que iria ter que entrar no meu saco de dormir no meio de um barranco, sem trilha e cheio de formigas e caranguejeiras.
Mas falando sério. A orientação neste lugar, é coisa pra “brabo”, como eles dizem. É um tal de: “eu conheço esta árvore, vira a direita depois dessa armadilha (de caçador)”.
Pra mim, todas as árvores eram iguais, afinal de contas, eram apenas sombras, já que, não dava pra ver nem o céu, de tão fechada que é a mata.
O fato é que os caras são realmente bons e feras, porque, de repente, me deparei com uma fantástica gruta, com mesinhas, cabide para roupa molhada, espaço amplo para montar um bivaque. Tudo de galhos e pedras.
Depois do susto, foi só festa. Montamos o acampamento e preparamos o nosso tradicional jantar, aí sim, sob uma lua e um céu maravilhosos.
Tudo bom: Boa comida, bons amigos, bom lugar, bom clima....
Dormimos as 11:00hs. Os brabos (Léo, Jhone e Jackson) na gruta e eu e o Dinho (os velhos) na barraca.
Nada como uma boa noite de sono dentro da barraca, livre das aranhas e insetos. Afinal, vocês (ao mais chegados) sabem que não tenho um bom histórico com esse negócio de insetos. Hehehe.
Dormi com o uma pedra. Só acordei uma vez de madrugada e as 6:00hs ouvindo o barulho dos macacos brincando na mata. Voltei a dormir e acordei as 8:00hs com aquele aroma maravilhoso do café fresco (fresco mesmo pois não era café solúvel) feito pelo nosso mestre mateiro Jhone.
Tudo perfeito.
Depois ficamos eu e o Dinho (os velhos) no acampamento, batendo papo e preparando o almoço, enquanto os “brabos” foram caminhar mais uma hora morro acima para explorar o lugar e encontrar novos campos de camping em jornadas futuras. Eles adoram fazer isso. Coisa de brabo. Hehehe
Almoçamos, e enquanto estávamos levantando acampamento chegaram três rapazes e um menino de 6 anos, filho de um deles. Foram levar mantimentos para o acampamento que fariam no feriadão. Eles escondem os mantimentos lá para subirem mais leves depois.
Um era conhecido do Léo, trocamos informações, servimos café para eles, tiramos fotos juntos e descemos as 13:10hs.
A descida foi mais rápida, apesar de termos errado a “trilha” uma vez, e as 15:00hs estávamos entrando na casa do Léo, cansados, mas felizes, porque havíamos, mais uma vez, cumprido a programação dos Camelos de Mochila, com uma maravilhosa excursão.
Infelizmente, por diversos motivos, não tivemos a presença de amigos muito queridos, como Jamiu, Sandão, Oteb, Fábio, Yoga, Mariana, Márcio e todos aqueles que nos acompanham esporadicamente.
Porém, fica aqui este relato “curto e singelo” (hehehe), para que vocês fiquem com água na boca e NÃO FALTEM da próxima vez.
Para terminar, gostaria de anexar um trecho do livro “Sobre Homens e Montanhas” de Jon Krakauer. Trata-se de uma coletânea de relatos e crônicas de pessoas loucas por montanhismo em suas aventuras nas diversas montanhas e pedras deste planetinha azul.
Este relato se deu na primeira tentativa feita pelo autor para conquistar a face norte do Devils Thumb (Polegar do Diabo), localizado no Alasca.
Esse cara, depois de se formar em engenharia, ficou se saco cheio, pegou um carro velho, uma mochila e simplesmente encarou uma montanha que vivia em seus sonhos desde que era criança.
Infelizmente não conseguiu escalar o Polegar do Diabo pela face Norte e depois de mais de 2 semanas sozinho na neve, resolver escalá-la pela via tradicional.
Mas só a sua coragem e este relato de quando ele estava a apenas 500 metros do pico, grudado feito lagartixa, sem cordas, apenas com os granpons da bota e duas piquetas de escalada, me emocionaram e certamente emocionarão a todos aqueles que vão, simplesmente, porque elas estão lá......
“ ...Aplainei uma pequena plataforma na rampa de neve, última terra firme que esperava sentir sob os pés por algum tempo, e parei para comer um tablete de doce e pôr os pensamentos em ordem. Quinze minutos depois, joguei a mochila no ombro e caminhei lentamente até a base do diedro.
Cautelosamente, cravei a piqueta da mão direita no gelo de cinco centímetros de espessura. Era sólido e trabalhável – um pouco mais fino do que eu gostaria, mas, fora isso, quase perfeito. Lá ia eu.
A escalada era inclinada e espetacular, tão exposta que fazia minha cabeça girar. Sob as solas de minhas botas, a parede despencava por novecentos metros até o circo do glaciar Witches Cauldron (caldeirão das Bruxas), tempestuoso e varrido por avalanches. Acima, a cresta se erguia com autoridade até a aresta do cume, oitocentos metros verticais além. Cada\vez que fixava uma de minhas piquetas, essa distância diminuía cinqüenta centímetros.
Mais alto escalava, mais tranqüilo eu ficava. Tudo o que me segurava ao mundo, eram seis delgadas pontas de cromomolibdênio cravadas um centímetro numa película de água congelada. Ainda assim, comecei a sentir-me invencível, leve, como aquelas lagartixas que vivem nos tetos dos hotéis mexicanos baratos. No começo de uma escalada difícil, sobretudo uma escalada solo difícil, fica-se o tempo todo muito consciente do abismo que nos puxa para trás. Sentimos constantemente seu chamado, sua enorme fome. Resistir a isso demanda um tremendo esforço consciente. Não ousamos baixar a guarda nem por um instante sequer. O canto da sereia do vazio nos leva ao limite ,torna tentativos os movimentos atrapalhados, bruscos. Mas à medida que a escalada prossegue, nos habituamos à exposição, nos habituamos a estar ali, ombro a ombro com o destino, e acabamos acreditando na confiabilidade de nossas mãos, nossos pés e nossas cabeças. Aprendemos a confiar em nosso autocontrole.
Aos poucos, a atenção se focaliza tão intensamente que desaparece a percepção dos nós dos dedos machucados, das câimbras nas coxas, e da tensão para manter concentração ininterrupta. Um estado de transe se instala ao redor do esforço, a escalada vira um sonho lúcido. Horas se passam como se fossem minutos. A culpa acumulada e a confusão da existência do dia-a-dia – os lapsos de consciência, as contas não pagas, as oportunidades perdidas, a poeira debaixo do sofá, as feridas familiares supuradas, a inescapável prisão dos nossos genes -, tudo é temporariamente esquecido, removido do pensamento por uma poderosa clareza de propósito e pela seriedade da tarefa em jogo.
Em tais momentos, algo parecido com felicidade se move dentro do peito, mas não devemos deter-nos nesse tipo de emoção. Na escalada solo, a empreitada toda se mantém de pé com pouco mais do que cuspe, que não é o mais confiável dos adesivos. Quase no final do dia, na face norte do Thumb, senti a cola desfazer-se com um só golpe de piqueta.
Eu ganhara quase duzentos metros desde que deixara o glaciar suspenso, sempre com as pontas frontais dos crampons e os bicos das piquetas. A faixa de água de degelo recongelada terminara a noventa metros de altura. Seguiu-se uma capa quebradiça de gelo esculpida pela geada. Mesmo pouco substancial, o gelo incrustado na rocha era suficiente para suportar o peso do meu corpo, tendo entre sessenta e noventa centímetros de profundidade, de modo que eu prosseguia pendurando-me montanha acima. A parede, no entanto, vinha se tornando imperceptivelmente mais inclinada e, à medida que a verticalidade aumentava, diminuía a crosta de geada. Eu entrara num ritmo lento e hipnótico – golpear, golpear; chutar, chutar – quando minha piqueta esquerda bateu com força numa placa de diorito poucos centímetros abaixo do gelo.
Tentei à esquerda, tentei à direita, mas continuava acertando rocha. A crosta de geada que me sustentava – assim parecia – talvez tivesse doze centímetros de espessura, e uma integridade estrutural de um pão velho. Abaixo estavam 1100 metros de ar, e eu me equilibrava sobre um castelo de cartas. Ondas de pânico atravessaram minha garganta. A visão escureceu, comecei a ofegar, as pernas tremiam. Arrastei-me um ou dois metros para a direita na esperança de encontrar gelo mais espesso, mas só consegui entortar uma piqueta na rocha.
Desajeitado, paralisado de medo, comecei a tentar descer. A crosta foi gradualmente ficando mais profunda. Depois de descer cerca de vinte e cinco metros, atingi terreno razoavelmente sólido.
Parei um bom tempo para que meus nervos se restabelecessem, depois, soltei o peso do corpo nas ferramentas e fitei a face acima procurando uma pista de gelo sólido, uma variação nas camadas de rocha subjacentes, qualquer coisa que abrisse passagem pelas paredes congeladas. Procurei até meu pescoço doer, mas nada apareceu.
A escalada estava encerrada.
A única direção possível era para baixo........”

Vou colocar este relato no Blog e na comunidade.
Portanto, não se dêem ao trabalho de ler outra vez e me xingarem depois.


Um abraço emocionado, fraterno e agradecido a todos os meus grandes amigos, companheiro de aventuras e irmão em Deus.

Alberto Monte