25 de ago. de 2009

SERRA FINA 2009 - SEGUNDO DIA

2º Dia – 14/07/2009 - Terça-Feira – COMEÇA A AVENTURA RUMO AO CAPIM AMARELO


Acordamos as 6:00h e fomos tomar nosso café.


14/07/09, terça-feira, 6:27h – Tomando café da manhã antes da partida para a Serra Fina.

Observe pela janela, que ainda é noite na cidade e o frio é intenso.
As 7:00h já estávamos embarcando na Kombi do Celso – nosso resgate – e a caminho da tocado Lobo.


14/07/09, terça-feira, 7:16h - A turma embarcando na Kombi, rumo à Toca do Lobo.

O dia estava maravilhoso, limpo e sem chances aparente de chuva. A mandinga do Oteb havia dado certo, mais uma vez.

Nos abastecemos com 4lts de água cada um, pois sabíamos que a próxima fonte de água seria apenas no Vale do Ruar, apenas na Quinta-feira. Ou seja, água para 2 dias de caminhada.

A minha mochila era a maior, pra variar, e parecia que pesava uns 30kgs com aquela carga adicional de água.


14/07/09, terça-feira, 8:15h - Abastecemos as garrafas na Toca do Lobo. Foram mais 4kg de carga em cada mochila.

14/07/09, terça-feira, 8:15h - Ainda na Toca do Lobo. Observem a esquerda da foto uma pequena gruta. Ela é bastante rasa, mas deu o nome ao local.

Cruzamos o Riacho e começamos a subir por uma trilha pouco marcada, ao contrário do que havia lido nos relatos.

Uma hora depois, a trilha abriu e a navegação ficou mais fácil.

14/07/09 , terça-feira, 9:01h - Após uma hora de caminhada, a vegetação começa a mudar sua característica para a forma tradicional de montanha.

A essa altura do campeonato, nosso maravilhoso, fabuloso, fantástico e excepcional GPS, já estava me apresentando suas credenciais – margem de erro média de 10 metros, com céu claro. Imediatamente coloquei nosso “batedor” (Jackson) na vanguarda da coluna e segui logo atrás, navegando, ou melhor, tentando navegar com o nosso trombolhudo GPS (GARMIM LEGEND = NÃO COMPREM).
Após o primeiro trecho, meio confuso, a trilha se apresentou até tranqüila, apesar da subida ser sempre constante. Os visuais não tardaram a aparecer e algumas horas depois, estávamos no Quartzito a mais de 2.000m de altitude.


14/06/09 , terça-feira, 9:01h – Eu e Dinho rumo ao Quartzito. Seria um dia muito difícil para o meu amigo.

Foi então que a S. Fina começou a se mostrar em todo o seu esplendor e magnitude.

Caminhamos sobre a crista das montanhas, em um incessante descer e subir, com o Monte do Capim Amarelo Ameaçadoramente a nossa frente.


14/07/09, terça-feira, 10:44h – Foto tirada do quartzito. Grandiosidade que imagens não são suficientes para expressar. É preciso estar lá para sentir.

A cada pequena descida, sucedia uma subida maior ainda e neste ritmo fomos ganhando altura, até que chegamos à base do Capim Amarelo.

A essa altura do campeonato, o Dinho já estava “estragado” e se tivesse na Tropa de Elite, ele ia “pedir pra sair”. É sempre assim. No primeiro dia ele sempre demora a metabolizar e fica ruim.


14/07/09, terça-feira, 11:40h – A caminho do Capim Amarelo, o Dinho estava quebradão. Ruim de marrédessí.

Por outro lado, o Alê disparou na frente, já que a trilha estava muito bem demarcada. Logo, ele havia sumido da nossa vista.

O restante da turma ia bem e pra variar, os garotos (Jackson e Jorginho) estavam loucos pra seguir o Alê. Coisas da idade e da saúde em excesso.

A subida do Capim Amarelo foi duríssima.

14/07/09, terça-feira, 13:46h – A caminho do Capim Amarelo. Um dos muitos trechos em que tivemos que utilizar as mãos para escalaminhar.

O interessante é a diferença singular entre o PARNASO e a Mantiqueira.

No PARNASO, após uma determinada altitude a vegetação passa a ser composta de capim de anta baixo, com pequenas áreas de vegetações maiores, entre uma montanha e outra.

Já da Mantiqueira, a coisa é diferente. No meio de uma subida com uma vegetação tradicional de campo de altitude, a gente acaba se deparando,em plena subida, com uma mata bastante densa, de árvores altas, bem parecidas com aquela mata da subida da Pedra da Gávea, via Estrada das Canoas, próxima à Geladeira.

Neste ponto, tivemos, eu, Jackson e Jorginho, que parar pra esperar o Dinho, que estava muito ruim lá atrás. O Rodrigo, que estava sobrando e cheio de gás, acompanhou o Alê e seguiu.

Após a chegada do Dinho, descansamos um pouco e seguimos.

Subida dura, com uso freqüente das mãos para vencer a vegetação densa e a lama escorregadia e constante.

Quase caí! O Jackson, que estava atrás de mim, presenciou e levou um susto. Escorreguei em uma subida de mais de 70 graus de inclinação e me segurei com a mão esquerda em uma raiz.

Esta manobra me custou uma luxação no ombro que iria me perturbar silenciosamente por toda a travessia.

Logo após, encontramos os dois vanguardistas (Alê e Rodrigo) e descansamos um pouco mais.

Energético, granola, água (sempre contida), papo, fotos e seguimos para o último esforço no intuito de vencer o Capim Amarelo.

Após seis horas e meia de caminhada, chegamos ao cume do Capim Amarelo.

Quando chegamos lá, o Alê já havia montado a sua barraca. O cara deu um gás inacreditável no final. Comemoramos muito, pois certamente havia sido o maior esforço de subida que eu havia feito nesses meus nove anos de montanhismo.

O Alto do Capim Amarelo:


A direita está o Quartzito e caminhando pela crista, lá no canto superior esquerdo, o Pico do Capim Amarelo, com o interminável sobe e desce até chegar ao seu cume. Fonte Wikpedia

São 2.500m de altitude encravado na Serra da Mantiqueira.

O seu cume é plano, coberto de capim de anta com dois metros de altura.

No meio destes capins existem diversas clareiras excelentes para montar acampamento, tornando todo este capim do entorno, uma ótima proteção dos ventos cortantes do local.

O visual é esplêndido e logo tratamos de montar nosso acampamento e preparar o almoço/jantar.



14/07/09, terça-feira, 14:58h – No alto do Capim Amarelo. Enfim, acampados e descansando.

Logo depois chegaram o Guto e o seu cliente (André).

A partir deste momento, o Guto nos “adotou” como caronas e se tornou fundamental para o sucesso de nossa expedição.

Logo ele nos deu a primeira dica, que eu jamais havia lido em qualquer relato sobre a Serra Fina.

Existe na Serra Fina uma praga de ratos silvestres:

Pois é, podem acreditar: Todos os picos da Serra Fina, freqüentados por montanhistas, estão infestados de pequenos camundongos silvestres que chegam perto da gente, sem a menor cerimônia, assim que começamos a esquentar a comida.

Eles já estão acostumados conosco e ficam aguardando a gente dar bobeira ou dormir, para assaltar nossos alimentos.

O Guto recomendou que colocássemos os alimentos dentro de sacos plásticos e dentro da mochila fechada, para não exalar cheiro, pois eles são capazes de roer a barraca, roer a mochila e pegar a comida no meio da noite.

A saída é deixar um “suborno”, ou seja, um pouco de comida, ou embalagens usadas a uma certa distância da barraca, para que eles se fartem de comer e nos deixem em paz.

Assim eu fiz. Deixei uma lata de feijão suja a uns 5 metros da barraca e acordei várias vezes durante a noite com o barulho da bendita lata sendo revirada e, pela manhã, a mesma estava brilhando de lustrada e cheia de coco de rato.

Que M.....!!!

Depois disso, todas as noites foram um misto de cansaço, dor no corpo, torpor e alerta, para que os ratos não furassem minha preciosa barraquinha Manaslú, comprada com tanto sacrifício.

A vítima dos ratos, no nosso grupo foi o André (o paulistano), que teve sua barraca furada por um desses “Jerris” famintos.

Deixando os ratos de lado, e voltando para o Alto do Capim Amarelo, assistimos a um por do sol esplendoroso e um nascer do sol fantástico.

14/07/09, terça-feira, 16:21h – Visual do alto do Capim Amarelo. Observem no centro da foto, dentro daquilo que parece uma cratera, uma formação rochosa parecendo uma caveira. Chama-se Pedra da Caveira. A direita da foto, há um pequeno ponto branco e brilhante que se destaca. Trata-se de destroços de um bimotor que se chocou com a montanha. Piloto e co-piloto morreram com a colisão.


14/07/09, terça-feira, 16:25h – Eu, Rodrigo e Dinho, contemplando a beleza do lugar. Recompensa merecida após um dia de muito esforço

14/07/09, terça-feira, 18:07h – Jackson apreciando o belo por do Sol no Capim Amarelo.

Segundo alguns relatos, o primeiro dia, até o Capim Amarelo, é o pior, com a subida mais exaustiva.

Isso me confortava e eu coloquei esta observação para o grupo, principalmente para animar o Dinho, que já alimentava a idéia de voltar pela rota de fuga do Paiolinho.

A verdade é que eu estava enganado, pois os desafios estavam apenas começando...





FIM DO SEGUNDO DIA

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