15/07/09, quarta-feira, 8:53h - A caminho da Pedra da Mina. Turma reunida no Alto do Capim Amarelo, pronta pra partida. Da esquerda para a direita: Em pé: Alê, Jorginho, Rodrigo, André e Guto. Agachados: Eu (Alberto), Jackson e Dinho
Neste dia, fomos logo cedo apresentados ao famoso Capim de Anta de mais de dois metros e aos insuportáveis e quase intransponíveis bambuzais da Serra Fina.
Demos uma parada em um local descampado chamado Maracanã e o Guto pediu que aguardássemos ali. Ele sumiu no mapa e voltou, logo depois, com um punhado de mantimentos.
É que os guias costumam ter os seus locais secretos, onde armazenam mantimentos para o caso de emergências.
Isso me lembrou o Arones lá nas matas de Magé, com os seus depósitos secretos de mantimentos e tralhas.
15/07/09, quarta-feira, 10:22h – Este local é chamado de Maracanã. Ponto de repouso e ótimo lugar para acampar. Paramos por quinze minutos e seguimos
Voltamos logo para a trilha e logo caminhávamos entre touceiras de capim de anta, bambuzais, mata fechada e trepa pedras, quando de repente, a Serra Fina resolveu dar o ar da graça.
Este lugar pode ser comparado a uma misteriosa e volúvel mulher:
Por alguns momentos o explorador tem a sensação de estar caminhando nas nuvens, tamanha a sua beleza.
Quando menos se espera, estamos embrenhados em uma floresta fechada ou quase escalando trechos completamente inesperados, pelo seu grau de dificuldade e beleza recompensadora.
Em outros momentos, cruzamos extensos campos de capim de anta, que nos cobrem até a cabeça, nos massageando e arranhando ao mesmo tempo, como uma mulher repleta de volúpia e pronta a nos devorar até a nossa essência.
Quando acreditamos que temos o domínio da situação, ela se revela, em toda a sua plenitude, aridez e crueza, nos dominando e subjugando, para provar que tem todo o domínio da situação e quem manda é ela.
Foi assim que a Serra Fina se comportou neste dia...
Paramos para lançar as 11:00h e de repente o Guto nos aconselhou a colocar os agasalhos e, num piscar de olhos, as nuvens se aproximaram com uma velocidade espantosa, carregadas com um vento forte e agonizante, nos empurrando para o lado oposto do que caminhávamos.
15/07/09, quarta-feira, 11:08h – Nesta parada, o Guto nos preveniu para o tempo que iria virar dali em diante. Observem o “russo” subindo entre eu e o Guto (de camiseta preta)
A neblina tomou conta de tudo e caminhar exigia um enorme esforço.
As 14:00as, chegamos a uma pequena queda d’água chamada Cachoeira Vermelha.
Não nos abastecemos, porque a água é intragável, pelo alto grau de minério de ferro na sua composição.
Tiramos algumas fotos e seguimos.
15/07/09, quarta-feira, 14:04h – Parada em frente à Cachoeira Vermelha. Observem atrás de minha mochila uma pequena queda d’água. É ela! A água não é boa, pois tem muito minério em sua composição
Chegamos à base da Pedra da Mina e nos abastecemos, depois de mais de 36 horas do último abastecimento na Toca do Lobo.
Valeu à pena, pois a água deste riacho é pura e cristalina.
Fartamos-nos de beber e enchemos as nossas reservas, que já estavam em um nível crítico.
Mais pesados, em virtude da carga de água, retomamos a subida e o ataque final ao Cume da Pedra da Mina.
Não preciso dizer que a subida foi terrível.
O vento açoitava as capas das mochilas, de forma que elas pareciam velas de navios.
A neblina era densa e fria e nossas forças, cada vez menores.
Finalmente, depois de mais de 8 horas de caminhada muito pesada, chegamos ao topo da Pedra da Mina, em meio a muita emoção, gritos de entusiasmo e euforia.
Foi uma subida e chegada inesquecível.
Tocar aquele marco com a indicação geodésica da Pedra da Mina foi um momento de muita emoção para todos nós.
Assinamos o livro do cume e tiramos muitas fotos.
Não preciso dizer, que dormir no cume seria impossível, em virtude do mal tempo e do pouco espaço para montar barraca.
Só há um pequeno ponto abrigado e com espaço, onde só cabe uma barraca pequena.
O restante do espaço é composto de terreno rochoso e irregular.
Mais uma vez, por intervenção do Guto, descemos uns 10 minutos até um local chamado Cratera, onde o vento não batia e havia muitos pontos excelentes para se montar barracas.
Acampamos, comemos e ficamos na expectativa de como o tempo iria se comportar, pois havia grande possibilidade de termos que retornar pelo Paiolinho, caso o tempo continuasse ruim.
Por falar nisso, o nosso guia emprestado (Guto), iria retornar à Toca do Lobo, de qualquer forma, pelo Paiolinho no dia seguinte, pois já havia tratado com o André, em virtude de um compromisso com a sua filha no dia seguinte.
Com isso, um grande dilema pairou sobre o grupo e fiquei com a responsabilidade de definir se seguiríamos ou não, no dia seguinte.
A situação, ao final do dia era a seguinte:
Só nos restava orar e esperar o amanhecer.
No meio da noite, veio a boa notícia.
O Dinho acordou para ir ao banheiro e ficou comemorando, pois o céu estava limpo e estrelado, anunciando um lindo dia.
Aquilo me animou e nem saí da barraca para ver, pois naquele momento, tive a certeza de que iríamos concluir a travessia da Serra Fina.
Dormi que nem uma pedra!
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